POESIA I
CORPO EXÓTICO
Desprovido do belo, assim foi dito
Emancipação ao negro, descobrimos o belo
Vivemos o belo, descobrimos humanidade
A autoestima não significou a emancipação
Já que roubam até nosso padrão
"Preto tá na moda", diz o racismo velado
RECONHECIMENTO DO CORPO
Eu reconheci, me reconheci.
Naquela terça-feira.
Me reconheci com o pertencimento de um belo.
Das marcas que carrego das raízes que desperto.
Belo!!
Meu corpo corajoso dessa marca do inferno.
Inferno posto, colocado e ignorado.
Belo!!
De curvas e sorrisos que é dele.
Decifrando o estranho do belo.
Nas linhas me despi.
Do traço que não li.
Belo!!
Minha história de tramitação, das suas tramitações
Desliza como se fosse belo, já não é pois foi tirado e arrancado.
Coloquei o belo novamente como pertencimento ao que foi tirado.
Belo e rei.
Rei e rainha, essa classe de pertencimento me reconheço como tal.
De curvas e descoberta, no meu corpo eu estou acarrento outras metas.
A beleza do comum.
Comum como outro, exótico se passa.
Eu não sou exótico, eu sou belo.